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Programas

Projetos em Parceria

Pelo fato de haver uma pequena equipe o ano inteiro no Pantanal, ter acesso a ninhos e possibilidade de melhorar os conhecimentos básicos sobre a biodiversidade, são estudadas outras espécies e há o apoio a outros e pesquisadores, principalmente estudantes de mestrado e doutorado que desenvolvem seus trabalhos acadêmicos. Artigos e teses já foram produzidas na área de genética, comunicação, veterinária, nutrição e botânica. Atualmente estão sendo realizados estudos com:

Avaliação da perda de habitat da Arara Azul

Coordenação: Neiva Maria Robaldo Guedes
Equipe: Fernanda Mussi Fontoura, Kéfany Ramalho, Carlos Cezar Corrêa, Lucas Rocha

No início da década de 80, a situação da arara-azul, Anodorhynchus hyacinthinus, (o maior psitacídeo do mundo) era crítica: devido a captura para o tráfico, a descaracterização do ambiente e a coleta de penas pelos indígenas. A população foi extremamente reduzida, sendo estimada em torno de 1.500 indivíduos. O Projeto Arara Azul estuda a biologia e relações ecológicas da arara-azul-grande, realiza o manejo e promove a conservação da arara azul em seu ambiente natural, numa área de 400 mil hectares no Pantanal no Estado de Mato grosso do Sul, desde 1990. Neste período de trabalho, vimos a arara azul sair da lista de espécies ameaçadas de extinção do Brasil (dezembro de 2014), graças principalmente, aos excelentes resultados obtidos pelo Projeto. No Pantanal Sul, as araras-azuis são bastante seletivas, pois 95% de seus ninhos são encontrados em uma única espécie arbórea: o manduvi (Sterculia apetala) e são dependentes de duas palmeiras para alimentação: acuri (Scheelea phalerata) e bocaiúva (Acrocomia aculeata), das quais comem apenas as nozes. Além disso, no mesmo período de reprodução, outras espécies que também ocupam grandes cavidades, disputam com elas, locais para reprodução. Entretanto, em virtude da pressão do aumento da população humana, do desenvolvimento para produção de mais alimento e a descaracterização do ambiente, provocam um aumento na escassez de cavidades e consequentemente da perda de habitat. Desta forma, este projeto visa avaliar a perda de habitat da arara azul e das outras 17 espécies que coabitam com ela, buscando a conservação da biodiversidade aliada ao desenvolvimento regional sustentável. O trabalho é realizado no Pantanal de Miranda, na base de campo situada na Caiman, a 235 km de Campo Grande. A metodologia segue técnicas já consagradas na literatura. Como resultado espera-se a manutenção das populações da fauna pantaneira e da conservação da biodiversidade.

Diferença genética entre grupos de Araras Azuis no Pantanal Norte e Sul

Expedição para estudo das araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) na região do Pantanal de Paiaguás (Coxim-MS) e Mapeamento das populações no Brasil através de coordenadas geográficas de estudos prévios.

A pesquisa de campo se deu no Pantanal de Paiaguás em Coxim/MS em outubro de 2016, com a equipa composta pela bióloga Grace Ferreira da Silva, o técnico de campo Patrick Y. H. Karassawa e o estudante Gabriel Martins Pinheiro. Foram identificados e georreferenciados 32 indivíduos adultos da espécie estudada e três ninhos, um com filhote de ±3 dias, outro com filhote de ±50 dias e por fim, um ninho contendo dois ovos. Também foram coletadas oito penas e um sangue através do acesso ao ninho por técnica de rapel. O material biológico coletado será utilizado em estudos posteriores. O que motivou a pesquisa foram trabalhos anteriores de genética de populações que evidenciam uma diferença entre grupos de indivíduos de arara-azul-grande do norte e sul do Pantanal. Assim, surgiu a necessidade de conhecer se existe ou não araras-azuis entre essas duas áreas.

Também foi realizada a análise de diversos dados provenientes da bibliografia dos últimos vinte anos para a obtenção de coordenadas geográficas que apontem a localização de ninhos e avistamentos de indivíduos, com o objetivo de aplicar esses dados em um sistema de georreferenciamento para a elaboração de mapas de distribuição da espécie em todo o Brasil. Unir todos os pontos obtidos em diferentes estudos podem auxiliar no conhecimento da dinâmica da espécie contribuindo diretamente para sua conservação.

Esse trabalho só foi possível devido aos recursos financeiros obtidos da Loro Parque Fundación e ajuda do nosso guia Aristol Cotini, conhecedor da área estudada.

Realização: Instituto Arara Azul
Coordenação: Flavia Torres Presti
Equipe: Grace Ferreira da Silva; Patrick Karassawa; Gabriel Martins Pinheiro
Financiamento: Loro Parque Fundación

Para maiores informações: flapresti@hotmail.com

Estudo de variabilidade genética

Coordenação: Prof. Dra. Cristina Yumi Miyaki, Departamento de Genética e Biologia Evolutiva Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo
Equipe: Cristina Miyaki, Flávia Presti, Neiva Guedes e equipe do Projeto Arara Azul

O Laboratório de Genética e Evolução Molecular (LGEMA) do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo iniciou seus trabalhos em 1992. A parceria com o Projeto Arara-azul foi uma das primeiras a serem estabelecidas e sempre foi uma das mais importantes. Vários dos alunos formados e sendo formados pelo grupo iniciaram seu treinamento de campo sob supervisão atenta da Profa. Neiva M.R. Guedes. Muitos desses alunos adquiriram experiência de campo graças a essa oportunidade de estagiar junto ao Projeto Arara-azul. Além disso, amostras de araras-azuis e de araras-vermelhas monitoradas pelo grupo têm sido utilizadas em diversos projetos de pesquisa de alunos de graduação (ROCHA, 2002), de pós-graduação (CAPARROZ, 1998; FARIA, 2000; PRESTI, 2006) e de pós-doutoramento do LGEMA.

Os projetos de pesquisa do LGEMA têm como objetivo geral compreender a distribuição da variabilidade genética de aves, principalmente da região neotropical. Esses dados são utilizados para inferir os padrões de distribuição geográfica e os processos geradores da sua megadiversidade, visando compreender melhor a biogeografia histórica dos grupos de aves; e também buscamos auxiliar a conservação das espécies. Trabalhamos com dados de variabilidade genética em vários níveis: individual, populacional e de níveis taxonômicos mais elevados (como gêneros e famílias). Especificamente no caso da conservação da Arara-azul, estamos preocupados em compreender:

1) sua estrutura genética populacional para identificar a(s) possível(is) origem(ns) geográfica(s) de aves apreendidas, visando auxiliar o planejamento de ações de fiscalização para evitar a retirada de aves da natureza;
2) alguns dados sobre sua biologia reprodutiva, como, por exemplo, avaliar se filhotes encontrados no mesmo ninho são mais semelhantes geneticamente e, portanto, mais aparentados do que filhotes encontrados em ninhos diferentes;
3) identificar o sexo das aves (uma vez que não há diferença morfológica externa entre os sexos), permitindo avaliar dentre os filhotes de vida livre quantos e quais são machos e fêmeas e para formar casais para a reprodução em cativeiro e graças à parceria com o Projeto Arara-azul, vários dados foram gerados e fizeram parte de trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação que foram apresentados em congressos e publicados em forma de resumos ou artigos completos (CAPARROZ et al., 2001; FARIA & MIYAKI, 2006).

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail cymiyaki@usp.br

Estudo sobre maracanã-de-colar

Biologia e conservação da maracanã-de-colar (Propyrrhura auricollis) no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Equipe: Grace F. da Silva, Gláucia Seixas e Neiva Guedes

A maracanã-de-colar (Propyrrhura auricollis), é um psitacídeo de médio porte (38-41 cm de comprimento total) que tem como principal característica morfológica a penugem amarela que cobre o dorso em volta do pescoço formando um colar. Vive em capões e matas de galeria e ocorre no Pantanal (estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso), Paraguai, Bolívia e Argentina (Sick 1997). É uma ave sedentária que estacionalmente realiza pequenas migrações em algumas regiões, geralmente aos pares ou em pequenos grupos. São observados grandes grupos somente quando se aglomeram em dormitórios comuns para pernoite e em zonas com água e alimento abundante. Alimentam-se em árvores, arbustos e ocasionalmente descem ao solo à procura de sementes, água etc. Voam rápido e direto (Forshaw, 1989). Na região do Pantanal de Miranda e Aquidauana é vista aos pares e em bandos, se alimentando ou em pequenas cavidades de árvores.

Não há estudos sobre a população e reprodução de maracanãs-de-colar no Pantanal Sul. Desde 2005 a bióloga Grace Ferreira da Silva, apoiada pelo projeto Arara Azul, estuda as características reprodutivas e sítios de nidificação desta espécie. O objetivo deste estudo é gerar conhecimentos sobre a biologia reprodutiva e status da população, provendo ações futuras de manejo e conservação para a espécie no Pantanal, além de buscar a conscientização da população local e dos turistas que visitam esta área.

Até o momento, foram monitorados 12 ninhos na Caiman e entorno (Pantanal de Miranda) e 01 ninho na região do Pantanal de Aquidauana. Parte destes ninhos são acompanhados em parceria com a zootecnista Gláucia Seixas, coordenadora do projeto papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), uma vez que as maracanãs-de-colar utilizam as mesmas cavidades que os papagaios-verdadeiros nesta região.

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail gracemacaw@yahoo.com.br

Monitoramento da biologia reprodutiva da Arara Azul de Lear

Coordenação: Erica Pacífico
Equipe: Erica Pacífico, Thiago Filadelfo e outros

O estudo da Dinâmica populacional da arara-azul-de-lear é uma investigação dos efeitos que atuam sobre a população desta espécie ameaçada de extinção e endêmica da caatinga. Nossa hipótese é de que toda a população das araras-azuis-de-lear, 1263 aves (estimadas em 2012), onde apenas 20% são reprodutores, está concentrada em duas localidades protegidas na Ecorregião do Raso da Catarina e pode ser o resultado de um crescimento demográfico recente desde cerca de 200 aves estimadas antes dos anos 2000.
Neste contexto, o Instituto Arara Azul em parceria com a Toyolex, a Fundação Biodiversitas e a O.N.G. World Parrots Trust (Inglaterra), pesquisadores do CEMAVE-ICMBio, da Universidade de São Paulo e do Departamento de Biologia da Conservação da Estação Biológica de Doñana (Espanha) estamos realizando estudos para investigar os efeitos positivos e negativos deste crescimento, bem como buscar alternativas para a conservação da espécie e seu habitat.

MONITORAMENTO DA BIOLOGIA REPRODUTIVA DA ARARA-AZUL-DE-LEAR E ESTUDO DA DINÂMICA E EXPANSÃO POPULACIONAL NA CAATINGA: IMPLICAÇÕES PARA SUA CONSERVAÇÃO

O estudo da Dinâmica populacional da arara-azul-de-lear, espécie ameaçada de extinção e endêmica da caatinga, ocorre desde 2014 com o apoio da Fundação Biodiversitas (FB), do Instituto Arara Azul (ITA), e do Centro de Estudos de Migração de Aves (CEMAVE-ICMBio). É coordenado pela bióloga Erica Pacífico, doutoranda participante do Programa Ciências sem Fronteiras, CAPES, e também do Departamento de Biologia da Conservação da Estação Biológica de Doñana (EBD-CSIC), Espanha. O estudo é realizado em colaboração com o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), e com o Laboratório de Genética Molecular de Aves da Universidade de São Paulo (LGEMA). Os trabalhos de campo são financiados pela World Parrot Trust (WPT), da Inglaterra, e pela Toyolex Veículos Concessionária, de Recife, e os trabalhos realizados em Laboratório são financiados pela Loro Parque Fundación, da Espanha.

O monitoramento de ninhos começou na reserva privada da Fundação Biodiversitas, a Estação Biológica de Canudos (EBC), localmente conhecida como Toca Velha que apoia o estudo da Biologia Reprodutiva da espécie, desde 2008. Com este estudo, muitas perguntas surgiram sobre as estratégias de conservação da espécie em longo prazo. Com o monitoramento de ninhos, foram desenvolvidos métodos alternativos e inovadores de marcação de psitacídeos, os quais permitem fazer seguimento e também estimativas da sobrevivência dos filhotes de araras-azuis-de-lear – após voarem de seus ninhos e se dispersarem na Caatinga. Assim, foram descobertos novos dormitórios e áreas de reprodução das araras localizados em áreas remotas não protegidas. Estas áreas, em sua maioria, são zonas rurais que sofrem com a falta d’água. Portanto, houve o apoio dos moradores locais para que fosse possível acampar, em suas propriedades, e para conhecer locais históricos de ocorrência da arara-azul-de-lear. Foram feitas entrevistas com os moradores mais antigos destes povoados de modo a descobrir mais sobre os processos de declínio populacional desta espécie.

A cada estação reprodutiva as amostragens são repetidas nos ninhos da Toca Velha, na Estação Biológica de Canudos, e ampliado os esforços buscando entender os problemas ambientais das novas áreas de dispersão das araras. As expedições são possíveis graças ao apoio contínuo da Toyolex Veículos – que disponibiliza um veículo 4×4, permitindo assim que os pesquisadores percorram, com segurança, estradas de terra, pedra e areia -, ao financiamento contínuo da O.N.G. World Parrots Trust, que financia essas expedições, e ao apoio logístico promovido pela Fundação Biodiversitas. A cada ano, o objetivo é o de reunir mais informações que serão convertidas em ações de conservação para a arara-azul-de-lear.

Sete expedições já foram realizadas, descobrindo novas informações sobre a capacidade de dispersão das araras e suas condições de sobrevivência na região Centro-Norte da Bahia, onde também foram estudados seus hábitos alimentares e comportamento reprodutivo. Para atingir os objetivos, entre Março e Maio de 2016, foi realizada uma expedição de 45 dias, com a participação de 6 voluntários e 5 pesquisadores colaboradores, além de 3 guias de campo locais. As seguintes atividades foram realizadas:

Estimativa do sucesso reprodutivo nos ninhos da Estação Biológica de Canudos, da Fundação Biodiversitas:

Observamos 35 ninhos em quatro sítios de reprodução: Toca Velha (Estação Biológica de Canudos), Toca da Onça (comunidade rural), Barreiras (propriedade privada) e Baixa do Chico (Terra Indígena Brejo do Burgo). Em 31 desses ninhos observados, foram capturados 47 filhotes para estudos de desenvolvimento e estimativa de sobrevivência. Dos filhotes capturados, foi possível realizar a marcação de 27 deles com anilhas do CEMAVE, anilhas coloridas, e Colares com Medalhas. Foi ainda realizado um estudo de comportamento dos pais dessas araras, de modo a diagnosticar sua aceitação quanto aos novos métodos de marcação utilizados. Para tal, câmeras trap foram dispostas nos ninhos estudados, de forma que obtivemos resultados positivos.

Três dos ninhos estudados possuíam pais já anilhados com anilhas metálicas do CEMAVE, estas utilizadas desde o início do projeto, em 2008. No entanto, os respectivos números das anilhas são de difícil leitura, não permitindo a identificação destes indivíduos. Apesar disso, vale ressaltar que é de conhecimento que esses já atingiram a maturidade sexual – que, portanto, deve variar entre 4 e 6 anos.

Com os novos métodos de marcação (anilhas amarelas e medalhas), que possuem números visíveis com o uso de binóculos ou lunetas, será possível ampliar os registros de sobrevivência de juvenis e sua capacidade de dispersão.

Estudo sanitário dos filhotes de arara-azul-de-lear:

Este estudo ocorre desde 2010 por meio do trabalho do médico veterinário André Saidenberg, vinculado à USP, e atualmente também está sendo realizado pelo médico veterinário Marcus Vinícios Romero Marques, vinculado à UFMG. Em colaboração, coletam material biológico dos filhotes de araras para estudar possíveis doenças que possam afetar a população.

Captura de filhotes em novas áreas de ocorrência:

Em 2015 foram feitas as primeiras capturas de ninhegos na região das Barreiras. Nessa região foram contados 10 ninhos ativos, e também dois locais utilizados pelas araras como dormitórios, onde a estimativa é que durmam 22 araras na estação reprodutiva. Porém, devido ao alto índice de colmeias de abelhas africanas nessa localidade, apenas um desses ninhos é acessível.

Em 2016, foram realizadas as primeiras capturas nos ninhos históricos da Baixa do Chico, local de onde as araras haviam desaparecido desde os anos 1970 e, agora, estão voltando a se reproduzir. É possível que existam mais quatro ninhos na presente localidade. Nela, há também um grande dormitório com cerca de 60 araras, que aí dormem todos os anos, desde 2014.

Foi possível, também, identificar que houve uma perturbação no dormitório das araras devido às gravações da Novela “Velho Chico”, realizada pela Rede Globo, fazendo com que as araras mudassem seu local do dormitório. A pedido da comunidade indígena local foi confeccionada uma placa (pintada pela Bióloga Voluntária Fernanda Lacerda) para colocar na estrada que dá acesso ao dormitório. A presente placa visa informar sobre o dormitório das araras e, também, solicitar que se evite passar por este caminho no período de descanso das araras.

Diagnóstico do impacto das abelhas invasoras (africanas e europeias) nos ninhos das araras:

Já conhecendo a problemática do impacto das abelhas africanas que vem sendo observado na Estação Biológica de Canudos desde 2008, foi desenvolvida uma colaboração com a pesquisadora norte-americana Caroline Efstathiou, e o Pesquisador Robert French Horsburgh. Os dois pesquisadores visitaram o projeto para auxiliar na quantificação do impacto das abelhas invasoras africanas nos ninhos das araras-azuis-de-lear. Foi realizado um censo de colmeias nos sítios de reprodução, um pequeno experimento para testar a eficácia da remoção de colmeias de abelhas, bem como o uso de armadilhas para capturar enxames de abelhas na região das Barreiras e na Baixa do Chico. Estas áreas foram diagnosticadas como críticas com relação à perda de hábitat para reprodução da arara-azul-de-lear, a perda de diversidade de abelhas nativas e a captura de araras e papagaios para comércio local e internacional.

Ainda, foram realizadas, entrevistas com moradores locais para que fosse entendido os sistemas locais de extração de mel e para identificar as pessoas interessadas em trabalhar com meliponicultores (em colaboração com uma O.N.G., IRPAA – Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (www.irpaa.org), coordenada por um morador do município de Canudos, Vanderley Leite Silva).

Coleta de material para estudos de ecologia alimentar e genética populacional:

A pesquisa financiada pelo Fundação Loro Parque “Estudo da Ecologia de Forrageio da arara-azul-de-lear” é realizada por meio de observações do comportamento alimentar das araras. Foram descobertas 24 novos itens alimentares para a espécie, coletados mais de 800 penas em dormitórios (amostragem não invasiva), bem como também os respectivos itens alimentares para estudos de dieta por método de Isótopos Estáveis – em que são feitas comparações dos índices de Carbono e Nitrogênio em cada pena e fruto coletado. Além disso, para a identificação genética dos indivíduos de araras-azuis, foi realizada a genotipagem de cada pena (utilizando técnicas moleculares). Nesta viagem, foram coletadas cerca de 300 penas (retrizes e rêmiges) nos dormitórios, incluindo um novo dormitório localizado em Euclides da Cunha. Foram coletadas, ainda, 200 amostras de fezes para estudos de dispersão de sementes por araras.

Estudo da capacidade de suporte da região do Boqueirão da Onça para criação da área de soltura:

Houve a visita na região do Boqueirão da Onça, localizada entre os municípios de Campo Formoso e Sento Sé, que se caracteriza por ser um fragmento de caatinga com 900 mil hectares, de onde as araras desapareceram nos anos 2000. A última expedição, realizada pela Fundação Biodiversitas, identificou cerca de 30 araras na região. Entretanto, hoje restam apenas 2 indivíduos na região, que não se reproduzem e estão à beira da extinção.

Em parceria com a ENEL GREEN POWER e com o CEMAVE foi visitada a localidade para identificar as zonas críticas de refúgio, abrigo e zonas críticas de alimentação da arara-azul-de-lear e, assim, implementar o programa de revigoramento populacional, que se mostra como prioridade fundamental para conservação da espécie segundo o PAN (Plano de Ação para Conservação da arara-azul-de-lear do ICMBIO). O programa será conduzido no Boqueirão da Onça, localizado entre os municípios de Sento Sé, Umburanas e Campo Formoso da Bahia, área de influência do empreendimento do Complexo Eólico Delfina, onde está prevista a implantação de uma área de soltura para reintrodução das araras-azuis-de-lear nascidas em cativeiro (em instituições participantes do programa de reprodução em cativeiro do PAN).

Nesta viagem, foi localizado um novo dormitório histórico por meio de entrevistas com os moradores idosos e identificado agricultores interessados em participar do projeto. Também, foi realizada a coleta de material botânico para estudo da disponibilidade de alimento para as araras. Foi feita a observação do comportamento da arara-azul-de-lear, e identificado uma séria falha no empenamento de um dos indivíduos – o que remete, até o momento, a um stress de display reprodutivo não correspondido.

Roadside Survey (estudo da qualidade do hábitat):

Foram percorridos cerca de 1.500km com visitas aos municípios de Campo Formoso, Umburanas, Sento Sé, Morro do Chapéu, Andorinhas, Uá-Uá e Euclides da Cunha, de modo que foram entrevistadas 36 pessoas idosas (maiores de 70 anos) nestas localidades a fim de coletar informações específicas acerca das áreas históricas de ocorrência das araras.

Foram encontradas duas novas localidades históricas (Pov. de Queixo Dantas – Campo Formoso, e Pov. de Gruta dos Brejões – Umburanas) e um novo dormitório em Euclides da Cunha, no Povoado de Barra do Tanque, onde foi feito um censo de 147 araras dormindo em árvores de Baraúna e Aroeira. O dormitório das araras está protegido dentro de uma fazenda e o vaqueiro responsável foi informado sobre as atividades de conservação realizadas para a proteção das araras. As araras estão dormindo nesta propriedade desde dezembro de 2015, indicando que elas estão ocupando esta área no período reprodutivo.

Foi feita a busca ativa de possíveis ninhos e de araras marcadas, usando lunetas em pontos fixos, mas não foi obtida nenhuma informação adicional.

Gravação de um documentário:

A bióloga Angela Prochilo e o Biólogo Cesar Leite acompanharam nosso trabalho de campo, em 2016, para documentar as dificuldades e os esforços realizados na coleta de dados gerados para amparar ações de conservação da arara-azul-de-lear (https://www.indiegogo.com/projects/to-catch-a-macaw#/). Este documentário é projeto de mestrado de Angela pela BBC wildlife maker (Inglaterra), em parceria com o fotógrafo João Marcus Rosa (Nitro Imagens, Belo Horizonte), co-financiado pela O.N.G. World Parrots Trust.

Entrevista para o Projeto Jardins da Arara de Lear (O.N.G.):

Entrevista realizada na zona rural das Barreiras, no município de Canudos, informando sobre a importância de se conservar as áreas de alimentação da arara-azul-de-lear (https://www.youtube.com/watch?v=1lCt3e8bYig). O projeto é coordenado por Pierre Alonso e Aliomar Almeida.

Neiva Guedes – (Presidente do Instituto Arara Azul) (Coordenadora do Projeto Arara Azul e Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade)
Neiva M. R. Guedes, é graduada em biologia pela UFMS (1987) com mestrado em Ciências Florestais pela ESALQ/USP (1993) e doutora em Zoologia pela UNESP/Botucatu (2009). É professora e pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp. É Presidente do Instituto Arara Azul. Desde 1990 executa e coordena o Projeto Arara Azul, onde desenvolveu estudos sobre a biologia básica e monitoramento da espécie, Anodorhynchus Hyacinthinus, ameaçada de extinção. Promove atividades de manejo e educação ambiental para a conservação da natureza. Coordena o Projeto Aves Urbanas- Araras na Cidade. Orienta alunos de graduação e Pós-Graduação. Faz parte do Board of the Parrots International.
Tem vários trabalhos publicados em livros, capítulos de livros, artigos e congressos, bem como tem proferido inúmeras palestras no Brasil e no exterior. Área de atuação: biologia, manejo, conservação (veja aqui).
Para ver o curriculum completo acesse http://lattes.cnpq.br/7358580565148346

Erica Pacífico (Instituto Arara Azul) – Pesquisadora Associada – Projeto Arara-azul-de-lear
Erica é Bióloga especialista em Manejo de Fauna e Mestre em Zoologia. Trabalhou em Zoológicos, criadores conservacionistas de aves e como consultora em ornitologia para estudos de impacto ambiental. Atualmente, é Doutoranda do Depto. Biologia da Conservação da Estação Biológica de Doñana, CSIC, vinculada à universidade Pablo de Olavide (Espanha), e trabalha em colaboração com o laboratório de Genética e Evolução Molecular de Aves, da USP e o Museu de Zoologia da USP. Sua pesquisa é referente a Dinâmica da População remanescente da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), usando uma metodologia multidisciplinar que envolve ferramentas moleculares, modelos ecológicos, análises de isótopos estáveis e índices de sucesso reprodutivo. Erica também coordena o projeto de monitoramento de longo prazo das atividades reprodutivas da arara-azul-de-lear, sem interrupção, desde 2008, na Caatinga, no sertão da Bahia, disponibilizando dados para a Conservação da arara-azul-de-lear.
CV: http://lattes.cnpq.br/8825030866810892

Thiago Filadelfo (Instituto Arara Azul) – Pesquisador Associado – Projeto Arara-azul-de-lear)
Biólogo, especialista em aves e com maior interesse científico nas temáticas biologia reprodutiva e conservação. Formado pela Universidade Federal da Bahia, defendeu monografia sobre a reprodução do tucano-toco no Pantanal do Mato Grosso do Sul e fez seu mestrado em Ecologia pela Universidade de Brasília, com dissertação sobre o parasitismo em ninhos de aves pelo chopim no Brasil Central. Mesmo com experiência em criadouros científicos e zoológicos, prefere trabalhar na natureza, atuando como consultor em licenciamentos ambientais e desenvolvendo atividades de pesquisa. Atualmente ajuda a coordenar um projeto de longo prazo sobre a ecologia e conservação da arara-azul-de-lear na Caatinga da Bahia.
CV: http://lattes.cnpq.br/8207383119236728

Monitoramento de ninhos naturais e artificiais no Pantanal de Mato Grosso

Coordenação: Neiva Guedes
Equipe: Luciana Ferreira, Grace Ferreira da Silva, Pixico (Assistente de Pesquisa do Instituto Arara Azul)

O monitoramento de ninhos na Região de Mato Grosso é realizado na Fazenda São Francisco do Perigara, localizada na Bacia do Rio São Lourenço, no Pantanal de Barão de Melgaço. O clima da região é do tipo tropical de savana (AW), de acordo com a classificação de Köppen, caracterizado por quatro estações distintas: “enchente” (Outubro a Dezembro), “cheia” (Janeiro a Março), “vazante” (Abril a Junho) e “estiagem” (ou “seca”) (Julho a Setembro) (Dourojeanni, 2006). A temperatura média anual do ar oscila entre 22°C e 32ºC e a precipitação média anual entre 1100 e 1200 mm (Hasenack et al., 2003). É uma área de difícil acesso, (sendo possível apenas por avião pequeno ou barco). Faz divisa com áreas indígenas e a Reserva do Sesc Pantanal.

O estudo na fazenda São Francisco do Perigara através do Projeto Arara Azul, visa monitorar os aspectos reprodutivos da população de araras-azuis, ampliar o conhecimento sobre a espécie em toda a sua área de ocorrência e traçar planos adequados de manejo para a conservação na região.

Neste propriedade, existe um bocaiuval (aglomerado de palmeiras bocaiuvas), próximo à sede da fazenda, que foi reservado pelo proprietário há mais de 50 anos, onde as araras azuis se concentram para dormir. Sem grandes perturbações e com a convivência pacífica com os bois, essa fazenda, tornou-se um verdadeiro refúgio para as araras.

Desde 2005, são realizadas 2 a 3 viagens anualmente, para o monitoramento de ninhos e da população. Existem cerca de 25-30 ninhos ativos na fazenda e a grande quantidade de araras demonstra que a área é mais utilizada como área de dormitório e alimentação.

As atividades de monitoramento de ninhos é realizada seguindo a mesma metodologia desenvolvida no Pantanal do MS, onde os ninhos são identificados, cadastrados e monitorados. Quando encontrados ovos e/ou filhotes, os mesmos passam a ser monitorados e acompanhados, e as informações vão para o banco de dados do Projeto Arara Azul.

Em 2010 foram instalados 10 ninhos artificiais, pois há uma escassez de cavidades na região toda, embora tenham sido observados muitos manduvis, porém, os mesmos não apresentam ocos.

Monitoramento de uma população de araras-azuis no Mato Grosso

MONITORAMENTO DE UMA POPULAÇÃO DE ARARA-AZUL-GRANDE Anodorhynchus hyacinthinus NO PANTANAL DE MATO GROSSO

Coordenação: Pedro Scherer Neto
Setor de Ornitologia do Museu de História Natural “Capão da Imbuia”

Este trabalho tem como objetivo principal monitorar uma população desta arara que se concentra diariamente para o repouso noturno em palmeiras-bocaiúvas situado na Fazenda São Francisco do Perigara, município de Barão de Melgaço no Pantanal de Mato Grosso. Essa concentração, considerada a maior concentração de arara azul conhecida em vida livre, vem sendo mantida a mais de 40 anos por iniciativa dos proprietários que cercaram uma pequena área de bocaiúvas para utilização exclusiva das araras azuis que não são perturbadas na região.

Censos foram conduzidos desde 2000 até 2006, inicialmente com o apoio do WWF Brasil e revelaram o encontro de dezenas de araras azuis nesta fazenda e suas imediações. Em 2005, a equipe do projeto Arara Azul iniciou o cadastramento e mapeamento de ninhos ativos para avaliar o sucesso da reprodução nesta população.

Esta pesquisa conta com o apoio: Fazenda São Francisco do Perigara; Instituto Arara Azul; Parque das Aves Foz Tropicana; Museu de História Natural Capão da Imbuia.

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail pedroschererneto@yahoo.com.br

Biologia reprodutiva da maracanã-de-cara-amarela

Coordenação: Neiva Guedes
Equipe: Aline Calderan, Sabrina Appel, Larissa Tinoco Barbosa, Sabrina Appel e Luiz Dervalho

Estudos sobre biologia reprodutiva de algumas espécies permitem entender suas relações com o meio ambiente e com outras espécies da mesma região. Assim, possibilitam a criação de medidas e formas de manejo que possam contribuir a longo prazo para a conservação da espécie e da biodiversidade. A maracanã-de-cara-amarela (Orthopsittaca manilatus) é uma espécie com ampla distribuição, encontrada facilmente na área urbana, porém, pouco estudada e as informações sobre sua reprodução são escassas. Este trabalho tem como objetivo geral estudar a biologia reprodutiva da maracanã-de-cara-amarela (O. manilatus). A coleta de dados é realizada na área urbana de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Ninhos são procurados, medidos, marcados e georeferenciados. Assim que começam a exploração das cavidades, os ninhos são monitorados periodicamente. Eles são acessados com escada de alumínio de 9,70m ou são escalados com corda e cadeirinha de rapel. Os ninhos são acompanhados desde a postura dos ovos até o vôo dos filhotes. A maioria dos filhotes são acompanhados por registro fotográfico, mas em alguns ninhos que permitem o acesso à cama, tem os filhotes acompanhados por biometria semanal. Desta forma, espera-se contribuir para a conservação da biodiversidade, bem como usar essas informações para atividades de educação e sensibilização da comunidade.

Morcegos associados aos ninhos de Arara-azul no Pantanal

As Araras azuis, desde 1990, têm representado uma das mais relevantes bandeiras de conservação no cenário mundial de conservação da biosfera.

Estudos conjuntos iniciados, há cerca de dez anos, permitiram o registro de oito espécies de morcegos em convivência nos ninhos utilizados por araras azuis. Parte dos dados foram obtidos de modo indireto pela análise de materiais depositados nas camas dos ninhos ou caídos ao redor das espécies vegetais que os abrigam. Dentre as espécies de morcegos registradas, destaca-se o morcego hematófago Diemus youngi, que se alimenta preferencialmente em sangue de aves.

Este estudo reverenciou estratégias periciais como meio para obtenção de dados. A integração de métodos tradicionais, com técnicas periciais, revelou nos resultados obtidos, fonte imensurável de informes relevantes das relações inter e intraespecíficas nos ninhos utilizados por Araras azuis. A natureza dos métodos desenvolvidos e readequados permitiram que exemplares e outros materiais que naturalmente seriam pouco ou nada aproveitados, são conotados como esmerada fonte de informação científica. Não obstante, deve ser ressaltado que o caráter educativo e de qualificação da comunidade local e regional é bastante expressivo e contempla uma necessidade histórica para o desenvolvimento humano e econômico.

Os resultados desses trabalhos foram esclarecedores e contribuíram, portanto, de modo mais efetivo para o entendimento da biologia e ecologia das espécies estudadas.

Deste modo, é fato de que a contribuição científica e educativa (local e regional) foi e será realmente aplicável às necessidades de desenvolvimento e conservação das áreas de prioridade e para todo o Estado de MS.

 

Neiva Guedes – (Presidente do Instituto Arara Azul) (Coordenadora do Projeto Arara Azul e Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade)
Neiva M. R. Guedes, é graduada em biologia pela UFMS (1987) com mestrado em Ciências Florestais pela ESALQ/USP (1993) e doutora em Zoologia pela UNESP/Botucatu (2009). É professora e pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp. É Presidente do Instituto Arara Azul. Desde 1990 executa e coordena o Projeto Arara Azul, onde desenvolveu estudos sobre a biologia básica e monitoramento da espécie, Anodorhynchus Hyacinthinus, ameaçada de extinção. Promove atividades de manejo e educação ambiental para a conservação da natureza. Coordena o Projeto Aves Urbanas- Araras na Cidade. Orienta alunos de graduação e Pós-Graduação. Faz parte do Board of the Parrots International.
Tem vários trabalhos publicados em livros, capítulos de livros, artigos e congressos, bem como tem proferido inúmeras palestras no Brasil e no exterior. Área de atuação: biologia, manejo, conservação (veja aqui).
Para ver o curriculum completo acesse http://lattes.cnpq.br/7358580565148346

Eliane Vicente – (Instituto Arara Azul) – Pesquisadora associada (Projeto Morcegos Brasileiros)
Graduação em Ciências Biológicas (1997), mestrado (2000) e doutorado (2005) – (A/C: Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Pesquisadora / Coordenadora do Projeto Morcegos Brasileiros. Zoóloga, atuante em Zoologia Aplicada e Zoologia Forense.
Pesquisadora associada ao Instituto Arara Azul desenvolveu junto ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional – Anhanguera Uniderp, um projeto de Pós Doutorado aprovado pela Fundect em parceria com a CAPES.
CV: http://lattes.cnpq.br/0039358250781517

Papagaio Verdadeiro

Coordenadora: Gláucia Helena Fernandes Seixas, zootecnista, doutora em Ecologia e Conservação (UFMS)

Todos os anos, centenas de filhotes de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) são retirados de Mato Grosso do Sul para abastecer o comércio ilegal de animais de estimação, dentro e fora do Brasil. Importante indicador neste sentido são os mais de 4.000 papagaios apreendidos pelos órgãos de fiscalização desde 1988.

Tais números preocuparam ambientalistas e autoridades, que verificaram a necessidade de realização de um projeto de conservação da espécie, que passou a ser considerada o símbolo do tráfico de animais silvestres em MS. Em 1997, inicia-se o Projeto Papagaio Verdadeiro.

Idealizado e coordenado pela zootecnista Gláucia H. F Seixas, foi tema de sua especialização, mestrado e doutorado em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

O objetivo do projeto é conhecer a biologia e ecologia deste papagaio, para propor ações de conservação da espécie e do ambiente onde vive. Também quer alertar as pessoas sobre danos à natureza ao retirar filhotes e destruir o ambiente. Afinal, a retirada do papagaio-verdadeiro, sem nenhum critério, e a alteração do seu ambiente podem contribuir para a sua extinção.

O projeto Papagaio Verdadeiro atua em duas linhas:

• Pesquisa, com ações que visam identificar a situação da espécie na natureza, tais como as características dos ninhos, áreas de reprodução, crescimento dos filhotes, acompanhamento de filhotes após deixarem os ninhos, monitoramento dos filhotes de papagaios soltos;

• Contagem em dormitórios, para estimar a população e educação ambiental, com ações de divulgação para moradores e turistas das áreas onde o projeto é desenvolvido, objetivando estimular a reflexão, discussão e reavaliação de posturas frente à questão ambiental, a fim de fomentar ações compatíveis com a conservação da espécie e seu ambiente.

No Pantanal de Mato Grosso do Sul já foram coletadas informações sobre a sobrevivência de filhotes reintroduzidos, características dos ninhos e crescimento dos filhotes em vida livre. Atualmente, o projeto verifica o padrão de atividade diária e uso do habitat para reprodução, alimentação e dormitório, além de monitorar os filhotes dos papagaios soltos que nasceram em vida livre.

Todas as atividades incluem a participação de diversos profissionais, tais como biólogos, veterinários, zootecnistas, especialistas em geoprocessamento, estagiários de diversas áreas e auxiliares de campo. A divulgação é realizada em periódicos científicos, meios de comunicação de massa e eventos, com caráter informativo e educativo, visando a conscientização da população sobre os danos causados pela captura dos papagaios da natureza.

A execução do projeto conta com o apoio do Instituto Arara Azul, além de empresas (Parque das Aves – Foz Tropicana) e proprietários rurais (Refúgio Ecológico Caiman, Refúgio da Ilha Ecologia, Fazenda San Francisco, Fazenda Santo Antônio e Fazenda Novo Horizonte), numa composição que varia a cada ano. Também recebe doações financeiras de pessoas e instituições preocupadas com a preservação ambiental, assim como comercializa produtos com o tema papagaio (camisetas, cartões-postais, colares, anéis etc).

Para mais informações, entre em contato com Gláucia Seixas, pelo e-mail projetopapagaio@hotmail.com

Projetos realizados

Análise de metais pesados em Araras Azuis

Coordenação: Marina Drago Marquesi
Equipe: Marina Drago Marchesi, Dr. João Luiz Rossi Junior e Neiva Guedes

As Araras azuis são animais especialmente vulneráveis às mudanças produzidas no meio ambiente devido ao aumento da poluição e o desenvolvimento da população humana (Temple, 1993). Devido a sua anatomia e fisiologia, são animais mais propensos a intoxicações. O sistema respiratório dispersa mais rapidamente as partículas e gases tóxicos inalados. Outros fatores são a alta taxa metabólica que contribui para a rápida distribuição do agente tóxico e a baixa concentração de gordura corporal que não favorece o acúmulo da toxina no tecido adiposo e consequentemente o agente tóxico se dispersa mais rapidamente (Cubas, Z.S & Godoy, S.N, 2010). Esta pesquisa tem como objetivo analisar o teor de metais pesados presentes em Araras azuis do Pantanal a fim de descobrir se estas apresentam níveis de contaminação em vida livre. É importante salientar que não se conhece estes valores e que isto pode refletir uma medida de contaminação ambiental que pode acometer todos os níveis da cadeia alimentar, inclusive os humanos.

Conservação das Araras Azuis na região de Carajás, no Pará

Coordenação: Flávia Presti
Equipe: Flávia Presti, Grace Ferreira, Thiago Filadelfo, Neiva Guedes

A arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) está distribuída em três regiões do Brasil com populações aparentemente isoladas. Estudos realizados a longo prazo, relacionados a biologia reprodutiva e levantamento dos itens alimentares das araras são necessários, uma vez que muitas das perguntas importantes sobre a ecologia de psitacídeos envolvem estudos de seu habitat e comportamento. Assim, o objetivo desta pesquisa foi coletar informações sobre os aspectos da biologia reprodutiva das araras-azuis na região do mosaico de Carajás e seu entorno, bem como observar as espécies vegetais que utilizam para se alimentar e assim, ampliar o conhecimento sobre a espécie, auxiliando os planos de manejo para a preservação da mesma. Durante quatro campanhas de coleta, itens alimentares foram coletados, cavidades arbóreas foram localizadas e cadastradas como ninhos ativos quando encontradas com ovos e/ou filhotes. Foram obtidos um total de 67 registros de cavidades, onde 24 estavam ativos com ovos e filhotes. A maioria das cavidades-ninho foram registradas em Sterculia sp. (87%) as demais, nas espécies vegetais: Euxylophora paraensis, Bertholletia excelsa, Cariniana sp., Parkia sp., Ceiba pentandra, Bagassa guianensis, Parkia aff. Gigantocarpa, Helicostylis tomentosa, Schizolobium sp. Restos de frutos de palmeiras de inajá (Maximiliana maripa), tucum (Astrocaryum sp.), gueroba (Syagrus oleracea), macaúba (Acrocomia aculeata) e bacuri (Scheelea phalerata) foram coletados dentro dos ninhos, no chão abaixo do ninho e próximo as palmeiras, porém a principal fonte alimentar das araras-azuis nessa região são os frutos de inajá. Pelo fato da arara-azul ser considerada vulnerável à extinção e, uma vez que a área de ocorrência da mesma se encontra em constantes mudanças ambientais e intensas atividades antrópicas, torna valioso todo e qualquer esforço para a coleta de dados nessa região e futuros monitoramentos são necessários para promover a conservação dessa espécie.

Estudo sobre Chlamydia psittaci

PESQUISA DE Chlamydophila psittaci EM ARARAS-AZUIS (Anodorhynchus hyacinthinus) E PAPAGAIOS-VERDADEIRO (Amazona aestiva) EM VIDA LIVRE NO PANTANAL DO MATO GROSSO DO SUL

Coordenação: Tânia de Freitas Raso

As populações de aves nativas no Brasil têm sido ameaçadas pela ação antrópica, caracterizada pela destruição do habitat natural e pelo comércio ilegal de animais silvestres. Deste modo, os filhotes, capturados ainda no ninho, são submetidos a condições inadequadas de transporte, alimentação e higiene durante o processo de comercialização, ocorrendo, quase sempre, uma elevada mortalidade.

Os animais capturados ilegalmente, ao serem apreendidos pelas autoridades competentes que agem no controle do tráfico são, na maioria das vezes, encaminhados aos centros de triagem, zoológicos ou criatórios legalizados.

Em decorrência, o manejo inadequado, principalmente relacionado ao transporte e superpopulação, favorece o aumento da susceptibilidade das aves às infecções ou mesmo a ativação de infecções latentes com conseqüente disseminação de patógenos, entre os quais a Chlamydophila psittaci (C. psittaci). Considerado o principal microrganismo com potencial zoonótico transmitido por Psittaciformes, a C. psittaci é o agente etiológico da clamidiose nas aves e psitacose no homem. Nas aves, afeta os sistemas respiratório e digestório, sendo sua principal característica a indução de um quadro de portador inaparente com eliminação intermitente do agente. Aves de vida livre têm sido reconhecidas como importantes reservatórios de C. psittaci na natureza e, em aves cativas, sua incidência é relativamente alta.

Uma vez que as informações sobre a clamidiose no Brasil ainda são incipientes, nesta pesquisa avaliou-se a presença de C. psittaci em papagaios-verdadeiro (Amazona aestiva) e araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) em vida livre no Pantanal do Mato Grosso do Sul. O trabalho foi desenvolvido em colaboração com o Projeto Arara Azul e com o Projeto Papagaio-verdadeiro nos anos de 2000 e 2001, sendo tema da tese de doutorado da médica veterinária Tânia de Freitas Raso, tese esta defendida e desenvolvida no Departamento de Patologia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Jaboticabal/SP.

Os resultados desta pesquisa demonstram uma ampla disseminação da C. psittaci em psitacídeos de vida livre no Brasil, sendo caracterizada pela eliminação do agente pelas aves e a comprovação da resposta imune. Ninhegos de papagaios apresentaram 6,3% das amostras de swab cloacal positivas pela semi-nPCR. Ninhegos de araras apresentaram respectivamente, 8,9% e 26,7% das amostras de swabs traqueal e cloacal positivas na semi-nPCR e 4,8% dos soros reagentes pela reação de fixação do complemento. Tal fato é de extrema relevância, pois indica que as aves podem ser portadoras inaparentes do microrganismo com potencial de manutenção do mesmo no ambiente natural, disseminação para outras aves e contaminação de humanos em contato próximo; particularmente nos casos de manejo incorreto ou estresse de transporte. A conservação de um habitat em equilíbrio é fundamental para a manutenção da enfermidade em níveis restritos evitando-se assim problemas futuros de surtos em populações naturais de vida livre e em grupos de aves recém-apreendidas e mantidas em condições insatisfatórias de cativeiro.

A execução deste projeto contou ainda com o apoio financeiro da FAPESP e dos “Projeto Arara Azul” e “Projeto Papagaio-verdadeiro”, contando com a participação da equipe de campo de ambos projetos, de estagiários de campo e de laboratório. Os resultados deste trabalho foram apresentados em Congressos da área científica tal como o Congresso da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens – ABRAVAS (anexo 1) e publicado em periódico internacional (anexo 2).

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail tfraso@usp.br

Estudo sobre o Manduvi

Caracterização Populacional de Manduvi (Sterculia apetala (Jacq.) Karst – Sterculiaceae) e suas implicações no oferecimento de ninhos para a arara-azul no Pantanal Sul, Mato Grosso do Sul, Brasil

Antônio dos Santos Júnior Biólogo – doutor UNB

Manduvi ou Amendoim-de-bugre é o nome regional da espécie Sterculia apetala, representante da família Sterculiaceae. É uma árvore de grande porte, cuja densidade populacional vem diminuindo por causa do manejo inadequado dos habitats, que também pode estar interferindo na dinâmica das populações desta espécie. Consequentemente, há redução na disponibilidade de recursos para a arara-azul e outras aves que utilizam as cavidades no tronco destas árvores como ninhos, ou consomem as sementes produzidas em grande quantidade, todos os anos.

Aliás, as sementes torradas são consideradas uma iguaria pelos nativos da região, que as consomem em quantidade, sendo também reputadas como medicinais.

Pesquisas demonstram que esta espécie arbórea tem a regeneração de sua população comprometida, devido ao manejo na área pantaneira para que a pecuária possa se desenvolver. Há uma perda média de 5% das árvores adultas que abrigam ninhos, em razão de queimadas, derrubadas e tempestades.

Segundo a bióloga Neiva Guedes, coordenadora do projeto Arara Azul, o manduvi é uma espécie-chave para a população de arara-azul no Pantanal, uma vez que 94% dos ninhos são abrigados nas cavidades existentes nesta espécie arbórea. Além disso, um amplo número de espécies que utilizam as cavidades provoca a competição por abrigo e sítio de nidificação. Entre as aves que brigam por espaço, estão o gavião-relógio, o urubu-comum, o pato-do-mato e a arara-vermelha, demonstrando a pequena disponibilidade deste recurso na área.

O manduvi também pode ser considerado uma espécie de guarda-chuva para a conservação da diversidade biológica no Pantanal Sul pois, preservadas as condições ecológicas para o recrutamento e sobrevivência de indivíduos jovens, um grande número de espécies de plantas e animais que ocupam os mesmos habitats serão favorecidos.

Neste sentido, estudos baseados nas técnicas dendrocronológicas são importantes para o conhecimento da estrutura etária das populações de manduvi no Pantanal Sul, e embasam estudos futuros sobre manejo e conservação de populações de espécies animais que utilizam esta espécie arbórea, tanto na forma de alimento quanto para nidificação, como no caso das araras-azuis.

O conhecimento da idade e da taxa de crescimento das árvores é fundamental para estudos sobre populações, produtividade e desenvolvimento de ecossistemas. A estimativa da idade permite a inferência do padrão populacional e é essencial para melhor compreensão da dinâmica do ecossistema florestal. A determinação da idade com base na contagem de anéis de crescimento gera um grande potencial para o estudo da dinâmica de ecossistemas florestais, impactos ambientais, manejo de florestas sob o ponto de vista exploratório, como recursos renováveis, bem como para estabelecimento de estratégias de ação e proteção da flora e fauna ameaçadas de extinção. Apesar da importância, estudos sobre formação de anéis e idade de árvores tropicais são raros.

Os objetivos da pesquisa sobre populações de manduvi, iniciada no início de 2004, são: (1) caracterizar as populações de manduvi (S. apetala) para gerar um modelo que permita estimar a idade da árvore a partir de uma medida morfométrica, como o diâmetro à altura do peito, por meio de estudos dendrocronológicos; (2) avaliar a estrutura etária de três populações de manduvi no Pantanal Sul, por meio de estudos dendrocronológicos; e (3) avaliar a oferta potencial de cavidades (ninhos) para nidificação das araras-azuis e fornecer subsídios para planos de manejo e conservação de araras-azuis.

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail tonhobio@hotmail.com

Monitoramento sanitário em filhotes de Araras-azuis no Pantanal

MARIANGELA DA COSTA ALLGAYER
Doutora Em Genética e Toxicologia Aplicada pela ULBRA (Universidade Luterana do Brasil), Canoas (RS)
Orientadora: Dra. Tania de Azevedo Weimer

A perda global da diversidade biológica afeta o bem-estar animal e humano. A destruição e fragmentação de habitats, a extinção de espécies, o tráfico ilegal, a importação e exportação de animais, a criação em cativeiro de espécies nativas e exóticas, a agropecuária, a avicultura industrial, a manutenção de aves silvestres como animais de companhia, entre outros impactos, conduziram à alteração na disseminação das doenças, ao acúmulo de contaminantes tóxicos e à invasão de espécies exóticas.

Assim, novas doenças estão aparecendo e outras que estavam controladas estão ressurgindo. A presença de enfermidades em indivíduos e populações pode ser um indicador da saúde do meio ambiente, incluindo seus impactos locais e globais e as mudanças no ecossistema.

Frente a esta realidade, é de extrema importância que a Medicina Veterinária trabalhe para a proteção da biodiversidade, estudando as implicações das mudanças ambientais na saúde humana e animal.

A conservação da biodiversidade e de ecossistemas saudáveis é extremamente necessária para a saúde dos indivíduos, das populações humanas e das demais espécies encontradas na natureza. Profissionais reconhecem as ameaças das doenças transmissíveis e não transmissíveis na conservação da biodiversidade, sendo que este fator, de suma importância para a sobrevivência das espécies, esteve sempre atrelado às pressões humanas sobre os recursos naturais, que causam alterações em diferentes escalas, com impactos diretos e indiretos na saúde dos animais.

Essas mudanças incluem, por exemplo, a explosão demográfica da população mundial, que resulta na fragmentação e na degradação dos habitats, a caça predatória, o isolamento de espécies e populações e o aumento da proximidade entre as comunidades humanas e seus animais domésticos. Como consequência desses múltiplos estresses ambientais, ocorrem certas doenças emergentes, desestabilização de cadeias tróficas e efeitos danosos, tanto na saúde de populações silvestres como na ecologia dos habitats fragmentados.

Uma das questões mais relevantes no contexto atual é a conservação do meio ambiente, em especial da biodiversidade e do patrimônio natural. Uma das ferramentas crescentes em importância para a conservação desta biodiversidade é a “Medicina da Conservação”. Em outras palavras, o trabalho médico veterinário aplicado aos conceitos e necessidades conservacionistas. O estudo das enfermidades infecciosas afetando animais selvagens ganha especial relevo, uma vez que, sabidamente, as doenças exercem importante e crescente impacto sobre as populações nativas e mantidas em cativeiro.

No Brasil, em virtude de sua magnífica biodiversidade e do estado delicado em que muitas espécies animais se encontram, é urgente a implementação de pesquisas, além do apoio às já existentes, que investiguem a ocorrência natural de patógenos e suas correspondentes enfermidades.

Atualmente, com a constante ação antrópica sobre o meio ambiente e a consequente degradação da natureza, a compreensão dos processos naturais das doenças em animais, suas dinâmicas e impactos nas populações selvagens, é uma ferramenta valiosa em prol da conservação de nossa riquíssima biodiversidade.

No Brasil, cerca de 20% dos psitacídeos brasileiros encontram-se ameaçados de extinção. A Anodorhynchus hyacinthinus está na lista, mas sua situação começou a mudar com as atividades do projeto Arara Azul no Pantanal Sul-mato-grossense. Desde 1990, sob coordenação da bióloga Neiva Maria Robaldo Guedes, o projeto tem contribuído para a conservação da espécie na natureza, com as pesquisas sobre os conhecimentos básicos da biologia da espécie: alimentação, reprodução, competição, habitat, comportamento, sobrevivência e mortalidade de filhotes, ninhos, predação, enfermidades, movimentação e ameaças que estavam reduzindo a população silvestre. Com os resultados de campo, através das atividades de manejo de cavidades, instalação de ninhos artificiais, manejo de ovos e filhotes, para aumentar a população reprodutiva, o número de filhotes, que sobrevivem e voam a cada ano, têm aumentado significativamente.

Atualmente, a arara-azul-grande é um dos psitacídeos brasileiros ainda ameaçados, mas com boa perspectiva de sobrevivência em longo prazo. Vários estudos foram e estão sendo realizados com esta arara e uma série de conhecimentos, adquiridos sobre a espécie em vida livre. Dentro destes estudos, vale a pena ressaltar a necessidade de aquisição de dados relacionados à sanidade desta espécie, pois durante os 15 anos do projeto poucas foram às pesquisas direcionadas ao monitoramento sanitário.

Dentre elas, podemos citar os relatos associados à infestação por larvas de Philornis sp. (GUEDES et al., 2000), pesquisa de endoparasitos (ARAÚJO et al., 2000; ALLGAYER et al., 2004a), estudo preliminar da microbiota de orofaringe e cloaca (CHAVES et al., 2000), detecção de Salmonella Bredeney em vísceras (VILELA et al., 2001), epidemiologia da Chlamydophila psittaci (RASO et al., 2003) e pesquisa de hemoparasitos (ALLGAYER et al., 2004b).

O estudo da ecologia desta espécie, associada às pesquisas direcionadas ao monitoramento sanitário, é vital para sua conservação, pois possibilitará um conhecimento do estado sanitário da população de vida livre da arara-azul-grande do Pantanal e permitirá estabelecer os patógenos transmitidos pelo homem e animais domésticos que possam afetar a saúde de indivíduos e populações.

Neste contexto ecológico de saúde, o projeto visa realizar o monitoramento sanitário dos filhotes de arara-azul-grande do Pantanal (Anodorhynchus hyacinthinus), por meio da elaboração de perfis hematológicos e bioquímicos, determinação da microbiota associada à orofaringe e cloaca e da prevalência de infecção por herpesvírus nesta população de vida livre, visando sua conservação.

A execução do projeto de pesquisa conta com o apoio do Instituto Arara Azul, ULBRA (Universidade Luterana do Brasil), Canoas (RS) e Criadouro Asas do Brasil, Novo Hamburgo (RS).

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail angelallgayer@uol.com.br

Ponto de cultura FuturaMente

Coordenação: Neliane Robaldo Guedes Corrêa

O Ponto de Cultura FuturaMente trata-se de uma iniciativa do Instituto Arara Azul em parceria com a Fundação Agenda Mais Brasil e a Associação de Moradores da Vila Moreninha II que visa facilitar o acesso ao conhecimento, à inclusão digital – com a utilização das ferramentas do Software Livre –, à reflexão e ao debate de temáticas relacionadas às questões e práticas ambientais, culturais, sociais e desenvolvimento sustentável, por meio de uma programação itinerante composta por oficinas, palestras, debates, exibição de filmes e exposições que serão realizadas na sede da Associação de Moradores da Vila Moreninha II, em escolas públicas municipais, centros culturais e núcleos de comunicação social das vilas Moreninhas. Promover a geração de emprego e renda de famílias de baixa renda econômica e em vulnerabilidade social em Campo Grande, diminuindo a desigualdade social, a violência e o preconceito.

Programa de Conservação a Arara Azul de Lear

Coordenação: Simone Tenório

A arara-azul-de-lear, Anodorhynchus leari, é uma espécie é endêmica da caatinga do nordeste do Estado da Bahia, e sua área de distribuição histórica conhecida inclui os municípios de Campo Formoso, Euclides da Cunha, Uauá, Jeremoabo, Canudos, Sento Sé e Paulo Afonso. A população possui dois sítios que utilizam como dormitório e reprodução: os paredões da Estação Ecológica de Canudos (EBC), atualmente com 1500 hectares e na Fazendo Serra Branca em Jeremoabo, ambas reservas particulares.

As principais ameaças para população da arara-azul-de-lear são a captura de indivíduos para abastecer o comércio ilegal de animais silvestres, devido ao seu valor por ser rara e a redução de seu principal item alimentar, o licuri, Syagrus coronata, além da redução de seus alimentos alternativos. Como fontes alternativas de alimentos utilizam o pinhão (Jatropha pohliana, Müll. Arg. 1864) a flor do sisal (Agave sp.) o milho (Zea mays L.,1973), a baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl), umbu (Spondias tuberosa, Arruda, 1816) e mucunã (Dioclea sp.).

Até o ano de 2008, encontrava-se na categoria criticamente ameaçada, sendo incluída no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA 2003). Após a verificação de que sua população havia alcançado o número de 960 indivíduos, foi considerada como espécie “Em Perigo” de acordo com os critérios da CITES.

Devido ao alto grau de ameaça da arara-azul-de-lear, a Fundação Biodiversitas deu início a um projeto para conservação da espécie em 1989, contemplando uma série de ações envolvendo censos, trabalhos de envolvimento e conscientização da comunidade, aquisição de um dos sítios de reprodução da arara situado na Fazenda Toca Velha em Canudos (e hoje denominada Estação Ecológica de Canudos) e um projeto-piloto de manejo de licuri, com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente/ Ministério do Meio Ambiente.

Em 1992, foi criado pelo IBAMA o Grupo de Trabalho Especial para Anodorhynchus leari e em 1997, o Comitê Permanente para Recuperação e Manejo da Arara-azul-de-Lear – CPRAAL, e elaborado um Plano de Ação contemplando as principais ações emergenciais para conservação da espécie, sendo estas: monitoramento das populações em campo e o estudo do comportamento reprodutivo, recuperação e manejo do licuri e suplementação alimentar para as araras, intensificação da fiscalização e continuidade das atividades de conscientização e envolvimento das comunidades locais no processo de conservação da arara-azul-de-Lear.

Desde o ano de 2000, vem sendo desenvolvido na região, o Programa de Conservação e Manejo da Arara-Azul-de-Lear, coordenado pelo IBAMA, o qual envolve atividades de cativeiro e campo, visando à manutenção de uma população genética e demograficamente viável em sua área de ocorrência.

O CEMAVE – Centro Nacional de Pesquisas para Conservação das Aves Silvestres, em parceria com a PROAVES – Associação Brasileira para Conservação das Aves, com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA do Ministério do Meio Ambiente – MMA vem desenvolvendo as ações de pesquisa in situ do Programa de Conservação e Manejo da Arara-azul-de-Lear.

A partir de 2001, o CEMAVE iniciou a coordenação das atividades de campo do Programa de Conservação e Manejo da Arara-azul-de-Lear e implementou a Base de Campo em Jeremoabo, oficializada pela Presidência do IBAMA em janeiro de 2002, fornecendo infraestrutura necessária para a realização das atividades na região. A Base de Pesquisas conta com uma equipe de campo em tempo integral, cujos objetivos são pesquisa, manejo, proteção e envolvimento da comunidade local com a questão da conservação da arara-azul-de-lear e seu ambiente.

Nos períodos de baixa produtividade de licuris, as araras atacam as roças de milho causando prejuízos aos pequenos agricultores que o utilizam para subsistência e para alimentar seus animais. Como consequência dos ataques aos milharais, os agricultores chegavam a atirar nas araras, por vezes ocasionado a morte da ave ou, em alguns casos a amputação de partes do corpo, impossibilitando sua sobrevivência em vida livre.

Com o evidente crescimento da população de araras e a oferta de licuris em baixa, gerando o aumento dos ataques às roças de milho, foi necessário o desenvolvimento de uma alternativa para evitar a mortalidade dos indivíduos ou a sua captura para a venda ao comércio ilegal.

Dentro do histórico do desenvolvimento do projeto foram realizadas diversas atividades voltadas ao envolvimento da comunidade e à educação ambiental. Palestras em escolas, associações e participação em eventos na região, programas de rádio, distribuição de cartazes, camisetas e bonés, sessões de cinema tanto nas cidades como na zona rural e a capacitação de professores em temas ambientais, oficinas de educação ambiental e oficinas de artesanato.

A Fundação Loro Parque, desde o ano de 2006, vem financiando as ações de educação ambiental e envolvimento da comunidade do Programa de Conservação e Manejo da Arara-Azul-de-Lear, Anodorhynchus leari, inicialmente através da PROAVES (Associação Brasileira para Conservação das Aves), depois com a SAVE Brasil.

Atualmente, pela parceria com o Instituto Arara Azul, desenvolve ações voltadas ao envolvimento das comunidades, educação ambiental e projeto de geração de renda. A região de Euclides da Cunha, área escolhida para o desenvolvimento desse projeto representa 51% da área de alimentação da espécie, sendo de primordial importância a implementação de alternativas que promovam a geração de renda para as comunidades locais, melhorando assim a sua qualidade de vida e consequentemente a conservação do ambiente necessário para a manutenção das populações de A. leari.

A principal ameaça para a espécie é a redução de sua área de alimentação, pois estão inseridos em locais onde verifica-se a presença humana em diversos povoados espalhados pela zona rural de cada município, portanto, faz necessária a proteção destas áreas, através da conscientização das pessoas sobre a importância do ambiente para esta e outras espécies e dos trabalhos de geração de renda para as comunidades.

Para mais informações, clique em
http://www.loroparque-fundacion.org/
Contato: “Simone Tenório” simonetenorio@gmail.com

Projeto Arte de Fazer e Reciclar

Coordenação: Neliane Robaldo Guedes Corrêa

O projeto foi desenvolvido na cidade de Anastácio, no Estado de Mato Grosso do Sul. Esta cidade está localizada no entorno do pantanal e sua implementação irá beneficiar não só a cidade de Anastácio e outras cidades da região, como o próprio pantanal pela proximidade e influência que este bioma sofre das cidades de seu entorno. Em todo o Brasil cresce o número de cidades que estão implantando o sistema de coleta seletiva, na região Centro-Oeste, porém, ocorre uma situação inversa do restante do país, pois diminuiu o número de cidades que oferecem este serviço aos moradores.

O principal problema enfrentado é o de catadores em situação de risco, que trabalham no lixão a céu aberto sem nenhuma proteção ou coletam os recicláveis nas ruas, sem organização e força para barganhar melhores preços. Aliado a isso, a queda do preço de recicláveis, no mercado mundial, levou muitos destes trabalhadores a deixar de coletar o material, agravando ainda mais o problema do lixo, que não é só local, mas é um problema mundial. Reciclar materiais descartáveis é evitar arrancar mais recursos naturais por vezes não renováveis, como o petróleo. O segundo motivo da reciclagem é o custo da produção de matérias-primas e de energia, fornecidas pela natureza. Na cidade de Anastácio não existe coleta seletiva nem aterro sanitário. O problema do volume e acúmulo de lixo era minimizado pela ação dos catadores, com a diminuição destes, o problema é agravado. Principalmente pelo fato de que estes materiais que podem ser reciclados, como garrafas pet, sacolas, papel, vidros, entre outros, acabam chegando aos córregos e rios da região, contaminando a água, o solo e o ar de um bioma tão frágil como o pantanal.

No total, participarão 320 pessoas, sendo: 30 catadores, ex-catadores, desempregados, mulheres e jovens. Muitos deles são pantaneiros, ex-pescadores, provenientes de comunidades indígenas, grupo de Assentados, entre outros.

O objetivo principal do projeto é o de: Promover condições de trabalho para catadores de recicláveis e familiares e pessoas de baixa renda do entorno do pantanal de Mato Grosso do Sul, propiciando melhoria da qualidade de vida.

Com a implantação da associação, não só a comunidade local será beneficiada, com a geração de emprego e renda, mas toda a região do pantanal, pois a associação irá comprar materiais de toda a região e ainda servir de modelo para implantação em outras cidades levando em consideração as especificidades do pantanal.

Vocalização das araras azuis

Fábio Ueno, Mestrando UNICAMP

A arara-azul-grande Anodorhynchus hyacinthinus é uma ave ameaçada de extinção, portanto sua individualização em campo é de grande interesse. Suas características gregárias, com ausência de dimorfismo sexual e monogamia criam uma disposição natural à existência de reconhecimento individual entre coespecíficos. Para que haja reconhecimento individual é preciso que exista variação interindividual.

O grito de alerta em Anodorhynchus hyacinthinus se apresenta como valiosa fonte de estudos por sua ocorrência comum nas proximidades do ninho na época de reprodução. O grito de alerta da Arara-azul-grande Anodorhynchus hyacinthinus foi estudado por meio de três diferentes análises, a fim de elucidar a presença ou ausência de variação interindividual. Foram utilizadas a correlação cruzada, a análise de componentes principais e a análise de agrupamento hierárquico. Nenhuma delas elucidou a presença de variação interindividual no grito de alerta.

O grito de alerta em A. hyacinthinus detém função de reconhecimento específico e possui grande variação intraindividual, que, talvez, segundo as regras de motivação estrutural do som de Morton (1977)* possa caracterizar o statu quo da ave emissora, que varia da temerosidade à hostilidade.

Mais estudos serão necessários para se desvendar o complexo repertório de Anodorhynchus hyacinthinus. O estudo da ontogenia do grito de alerta pode ser realizado pelo Projeto Arara Azul, que já tem como hábito o monitoramento dos ninhos. A pesquisa de campo, com anotação do comportamento e gravação das vocalizações, deve ocorrer por períodos de pesquisa mais longos e contínuos para que mais informações sobre o repertório possam ser adquiridas.

*Morton, E.S. On the occurrence and significance of Motivation-Structural rules in some bird and mammal sounds. The American Naturalist, vol. 111, no. 981, 855-869 set/out de 1977.

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail fabioueno@gmail.com.

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