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Programas

Projeto Arara Azul

O Projeto Arara Azul estuda a biologia e as relações ecológicas da arara-azul-grande, realiza o manejo e promove a conservação da arara azul em seu ambiente natural. O Projeto também estuda outras espécies que coabitam com a arara azul no Pantanal, como as araras vermelhas, tucanos, gaviões, corujas, pato-do-mato e outras espécies.

Objetivo

  • Manter populações viáveis de araras azuis (Anodorhynchus hyacinthinus), a médio e longo prazos em vida livre no seu ambiente natural;
  • Promover a conservação da biodiversidade e do Pantanal, como um todo.

Breve histórico

O Projeto Arara Azul é, especialmente, voltado à conservação da Arara Azul Grande (Anodorhynchus hyacinthinus) no Pantanal. Em 1990, nasceu de uma iniciativa pessoal da bióloga Neiva Guedes, ao encontrar um bando de araras-azuis no Pantanal (novembro/89), encantar-se com a espécie e saber que elas estavam fadadas a desaparecer da natureza. Levantamentos realizados na década de 80, colocaram as araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) no Apêndice I do CITES, no Red Data Book e na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Os fatores que levaram a espécie ao declínio foram: a) a captura para o comércio nacional e internacional; b) descaracterização do ambiente; c) coleta de penas para confecção de souvenirs.

Com as atividades desenvolvidas e os importantes resultados apresentados, a população de araras-azuis (A. hyacinthinus) não só aumentou como também expandiu na região do Pantanal. Neiva Guedes capacita equipes e participa de outros estudos em regiões fora do Pantanal e do Brasil. Ao longo dos anos, a espécie melhorou o status e, em dezembro de 2014, saiu da lista do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e passou de ameaçada para vulnerável na lista vermelha de espécies ameaçadas da International Union for Conservation of Nature (IUCN).

Áreas do projeto

Avistamentos

Todas as araras-azuis e outros psitacídeos avistados são registrados diariamente. Neste monitoramento, por exemplo, é possível saber os horários de atividades das araras, o que estão fazendo, que tipo de ambiente estão, entre outras informações.

Cadastramento

Este trabalho consiste em marcar, tirar medidas, coordenadas das cavidades e a avaliação do potencial de ocupação por arara-azul. Os ninhos naturais, muitas vezes, são encontrados ao acaso, através da vocalização e comportamento de defesa típica dos casais, que denunciam uma possível área de nidificação ou, como acontece com mais frequência atualmente, com a indicação de peões ou fazendeiros que informam sua localização para a equipe do Projeto Arara Azul.

Monitoramento

Todos os ninhos cadastrados e instalados pelo Projeto Arara-Azul, naturais ou artificiais, são periodicamente monitorados para que seja verificada a ocupação por araras-azuis ou outras espécies. Nesta atividade é necessário escalar a árvores até a abertura do ninho utilizando equipamento e técnicas de alpinismo e rapel.

No período reprodutivo os ovos e os filhotes são acompanhados, desde a postura do ovo até o voo do filhote. Antes de voar, os filhotes recebem anilha e nano chip para identificação e têm material biológico (exemplo: sangue, fezes) coletado para: determinação de sexagem, análise da variabilidade genética e outros materiais para avaliação da sanidade das aves.

Monitoramento de ninhos naturais e artificiais no pantanal de Mato Grosso

O monitoramento de ninhos na Região de Mato Grosso é realizado na Fazenda São Francisco do Perigara, localizada na Bacia do Rio São Lourenço, no Pantanal de Barão de Melgaço. O clima da região é do tipo tropical de savana (AW), de acordo com a classificação de Köppen, caracterizado por quatro estações distintas: “enchente” (Outubro a Dezembro), “cheia” (Janeiro a Março), “vazante” (Abril a Junho) e “estiagem” (ou “seca”) (Julho a Setembro) (Dourojeanni, 2006). A temperatura média anual do ar oscila entre 22°C e 32ºC e a precipitação média anual entre 1100 e 1200 mm (Hasenack et al., 2003). É uma área de difícil acesso, (sendo possível apenas por avião pequeno ou barco). Faz divisa com áreas indígenas e a Reserva do Sesc Pantanal.

O estudo na fazenda São Francisco do Perigara, através do Projeto Arara Azul, visa monitorar os aspectos reprodutivos da população de araras-azuis, ampliar o conhecimento sobre a espécie em toda a sua área de ocorrência e traçar planos adequados de manejo para a conservação na região.

Nesta propriedade, existe um bocaiuval (aglomerado de palmeiras bocaiúvas), próximo à sede da fazenda, que foi reservado pelo proprietário há mais de 50 anos, onde as araras azuis se concentram para dormir. Sem grandes perturbações e com a convivência pacífica com os bois, essa fazenda, tornou-se um verdadeiro refúgio para as araras.

Desde 2005, são realizadas viagens anualmente, para o monitoramento de ninhos e da população.

As atividades de monitoramento de ninhos são realizadas seguindo a mesma metodologia desenvolvida no Pantanal do MS, onde os ninhos são identificados, cadastrados e monitorados. Quando encontrados ovos e/ou filhotes, os mesmos passam a ser monitorados e acompanhados, e as informações vão para o banco de dados do Projeto Arara Azul.

Em 2010 foram instalados 10 ninhos artificiais, pois há uma escassez de cavidades na região toda, embora tenham sido observados muitos manduvis, porém, os mesmos não apresentam ocos.

Instalação de ninhos artificiais

Como alternativa emergencial, desde 1992, o Projeto Arara Azul criou, testou e instalou centenas de ninhos artificiais pelo Pantanal. Com o objetivo de suprir a falta de cavidades, tanto por competição entre as espécies como por perda de ninhos naturais. A ocupação das caixas é um sucesso, tanto pela ocupação das araras azuis, que se reproduziram em uma boa parte deles, como também por outras espécies de animais que competem ou interferem na reprodução das araras azuis.

É baixa a disponibilidade de cavidades naturais de tamanho suficiente para caber uma arara com filhote e, além disso, há disputa por ninhos com outras espécies (ver tabela abaixo).

Nome popular Nome científico
Abelhas africanizadas Apis mellifera
Abelhas nativas Trigona sp.
Acauã Herpetotheres cachinnans
Arara-vermelha Ara chloropterus
Corujinha-do-mato Megascops choliba
Morcegos Quirópteros
Falcão-morcegueiro Falco rufigularis
Falcão -relógio Micrastur semitorquatus
Marreca-cabocla Dendrocygna autumnalis
Murucututu Pulsatrix perspicitalla
Noivinha Xolmis irupero
Papagaio-verdadeiro Amazona aestiva
Pássaro-preto Gnorimpsar chopi
Pato-do-mato Cairina moschata
Quiri-quiri Falco sparverius
Tucano Ramphastos toco
Urubu-preto Coragyps atratus

Estes fatores, aliados à destruição de ninhos potenciais por desmatamentos, a invasão de ninhos por abelhas e, mais recentemente, as mudanças climáticas e as consequências dos grandes incêndios, limitam a reprodução das araras-azuis no Pantanal.

Por isso, são confeccionados e instalados ninhos artificiais, em áreas onde a escassez é maior ou então para suprir a perda de um ninho natural.

Atualmente o Instituto Arara Azul tem um produto a oferecer para os proprietários rurais que estejam interessados em implantar ninhos artificiais em suas propriedades. Estes poderão solicitar ao Instituto Arara Azul os serviços técnicos para as três fases que correspondem à implantação de ninhos artificiais, sendo:

Diagnóstico da Área

O diagnóstico será realizado por dois técnicos do Projeto através de uma visita à área escolhida pelo interessado. O investimento para essa visita compõe a logística do deslocamento e dependerá da distância da área.

Confecção e instalação dos ninhos em MS

A confecção e a instalação dos ninhos são realizadas por profissionais especializados e com longa experiência na área.

Monitoramento dos ninhos instalados

Durante o período reprodutivo, a equipe do Projeto fará uma visita à área para uma avaliação dos resultados do trabalho. Como se trata de natureza, o sucesso não está condicionado exclusivamente à reprodução de araras-azuis, podendo a cavidade ser ocupada por outras espécies que compõem a biodiversidade.

O contato para maiores informações, poderão ser realizados através do e–mail: contato@institutoararaazul.org.br 

Mas sem dúvida, a longo prazo, incentivamos o plantio e conservação dos manduvis (Sterculia apetala) e outras espécies que possam ser utilizadas para ninhos pelas araras-azuis no Pantanal.

Manejo ou recuperação de ninhos

Esta atividade consiste em recuperar ninhos naturais e artificiais que, pela ação do tempo ou das próprias araras-azuis, estão danificados ou inviáveis para a ocupação.

Há vários modelos de manejos que dependem da avaliação e implementação da equipe técnica.

Observação de comportamento

Para realizar a observação de comportamento, é necessário manter uma certa distância do ninho e evitar barulho e movimentos bruscos para não interferir no comportamento dos indivíduos observados. É uma atividade que requer paciência e ferramentas apropriadas, além da expertise da equipe.

Manejo de ovos e filhotes

Esta atividade, pontual, consiste no manejo experimental e em pequena escala de ninhos com histórico de predação de ovos e filhotes ao longo dos anos. A equipe técnica, preparada ao longo dos anos, adota várias técnicas já testadas, para a implementação deste manejo quando necessário.

Monitoramento com câmeras

Em 2001, o Projeto Arara Azul começou a utilizar microcâmeras para auxiliar no monitoramento de ninhos durante o período reprodutivo (ovos e filhotes), com o objetivo de responder algumas questões com relação à predação e mortalidade de filhotes, bem como interação dos pais com os mesmos. Atualmente, o equipamento é um grande aliado nas ações de pesquisa e conservação.

Turismo de observação

Os hóspedes do Refúgio Ecológico Caiman, Pantanal de Miranda, têm o privilégio de optar por fazer o Turismo de Observação do Projeto Arara Azul. Além de observar as araras livres na natureza, também é possível acompanhar as ações de pesquisa “in loco” e os excelentes resultados obtidos ao longo dos anos. Além disso, contribuem, através de uma doação, com a continuidade do trabalho realizado.

O contato com o R.E.Caiman, pode ser obtido através do site:

www.caiman.com.br

Além do Refúgio Ecológico Caiman, para realizar o turismo de observação, é possível acompanhar a equipe do Projeto Arara Azul em outros locais no Pantanal Sul. Os interessados podem contatar o Instituto Arara Azul no e-mail: contato@institutoararaazul.org.br e/ou pelo telefone (67) 3222-1205.

Palestras e educação ambiental

Paralelamente ao trabalho de campo, a equipe do Projeto Arara Azul realiza palestras para diversos públicos (acadêmicos, comunidades locais, crianças e adultos) com o objetivo de difundir resultados e falar sobre a importância da conservação da biodiversidade como mantenedora de processos ambientais e da qualidade de vida das pessoas.

Resultados alcançados

+ de 850

Ninhos cadastrados

+ de 480

Ninhos naturais

+ de 400

Ninhos artificiais

Galeria

Equipe

Ajude a manter as araras livres na natureza

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