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Casal de Araras-Canindé (Ara ararauna) / Foto: Instituto Arara Azul.

 

Você já conhece a arara-azul e arara-vermelha, mas ainda falta uma outra espécie que estudamos aqui no Instituto Arara Azul, a famosa e mais comum de ser avistada, a arara-canindé (Ara ararauna). 

Aqui em nosso site, já te contamos o que nós fazemos no Projeto Aves Urbanas, que conta com o monitoramento e pesquisa da arara-canindé na cidade de Campo Grande – MS para sua conservação. Mas, você realmente conhece essa espécie? Continue até o final que iremos te contar mais sobre ela.

 

Características da espécie

As araras-canindés também pertencem à família do psitacídeos e apresentam características comuns entre as outras espécies de araras. 

Suas principais características morfológicas são seu menor tamanho, que pode atingir no máximo 86 cm e pesar entre 995 a 1380g, sua coloração inconfundível, sendo azul em seu dorso, amarelo no ventre, possuindo o rosto branco com penas faciais pretas junto a seu pescoço e a parte frontal de sua cabeça que é de cor verde. 

 

Detalhes de suas penas na face / Foto: Flávia Zagury – Instituto Arara Azul.

 

Como as outras araras, a vocalização desta espécie é alta e forte, mas cada uma delas produz sons diferentes, sendo possível distinguir as espécies pelo canto.

 

Distribuição

A arara-canindé apresenta ampla distribuição pela América do Sul, sendo encontrada na Colômbia, Guianas, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e claro, no Brasil, além de também habitar países da América Central, como o Panamá. 

 

Distribuição da Arara-Canindé (Ara ararauna) / Foto: IUCN.

 

No Brasil, esta ave habita muitos biomas: da Mata Atlântica à Amazônia e do Pantanal ao Cerrado. 

Porém, com a quantidade excessiva de desmatamento e degradação de seus habitats pelos seres humanos, esta arara se adaptou à algumas cidades, como por exemplo, Campo Grande no Mato Grosso do Sul, que ficou conhecida como “capital das araras”

 

Araras-canindé na cidade de Campo Grande – MS / Foto: Larissa Tinoco –  Instituto Arara Azul.

 

Elas conseguiram se adaptar ao meio urbano devido às árvores frutíferas presentes na cidade, das quais se alimentam, e por apresentarem locais adequados para sua reprodução.

Por conta do aumento no número de indivíduos por lá, foi criada uma lei para que a arara-canindé se tornasse o símbolo da cidade. Com isso, os órgãos responsáveis  aumentaram as campanhas de divulgação sobre a importância da espécie e da biodiversidade no local, essa prática ainda contribui para o aumento do turismo na cidade, ajudando a economia local

 

Alimentação

Estas aves possuem uma alimentação muito variada, podem comer, principalmente, frutos e sementes, auxiliando em sua dispersão, mas também comem brotos, flores e néctar, além de predar algumas espécies vegetais.

 

Alimentação da arara-canindé / Foto: Larissa Tinoco – Instituto Arara Azul.

 

Sua alimentação é ampla, devido ao fato desta ave verificar a disponibilidade e a facilidade na captura do alimento e também, o retorno energético que este alimento irá proporcionar, mas varia de acordo com a localidade.

 

Reprodução 

Para garantir o sucesso reprodutivo, a disponibilidade de ninhos é determinante. Dependem dos troncos de palmeiras mortas, utilizando pequenas aberturas que encontram que apresentam para construir seus ninhos. 

As araras aumentam essas aberturas para tornar o espaço mais adequado e utilizam esse mesmo ninho durante anos

 

Casal de Araras-Canindé / Foto: Larissa Tinoco – Instituto Arara Azul.

 

Como muitos indivíduos habitam áreas urbanas, é de extrema importância que a cidade seja bem arborizada, para assim, conseguir manter as populações saudáveis, se reproduzindo adequadamente.

Além disso, fatores ambientais (como chuvas, temperatura e alimento disponível, entre outros) influenciam na época de reprodução, postura dos ovos e até mesmo na incubação deles. 

Porém, têm-se observado que nas cidades, outros fatores andam interferindo negativamente nesse processo, como ruídos sonoros urbanos. Mesmo assim, a arara-canindé tem se mostrado resiliente, e tem tido sucesso, pois segue conseguindo se reproduzir na cidade de Campo Grande, onde ocorrem nossas pesquisas com a espécie.

Continuamos realizando o monitoramento dessas aves, para analisar se outros impactos e consequências poderão afetá-las no futuro.

 

Filhote de Arara-Canindé monitorado em Campo Grande – MS / Foto: Flávia Zagury – Instituto Arara Azul.

 

O período reprodutivo das Ara ararauna vai de julho a dezembro, podendo se estender até fevereiro do ano seguinte. Este período é designado a partir do momento que há um ninho ativo até o momento em que o último indivíduo juvenil sai do ninho e voa.

A cópula ocorre, basicamente, entre os períodos de julho a agosto; e a quantidade de ovos na postura varia de 2 a 4, também ocorrendo em agosto. Os filhotes nascem em setembro e os juvenis começam a deixar o ninho em dezembro. 

Claro que esses períodos podem mudar devido a diferentes fatores externos. Contudo, enquanto ocorrem, os pais fazem a defesa dos ninhos e o cuidado parental dos filhotes.

 

Ameaças

Principalmente pelo fato desta espécie estar bastante habituada nas cidades, os impactos urbanos se tornam frequentes, como por exemplo, a poluição sonora, eletrocussão em cabos elétricos, ataques por animais domésticos, colisão em prédios, acidentes com fios de pipa, atropelamentos e conflitos com seres humanos. 

A ação antrópica também é um fator determinante na saúde da espécie, como a destruição, poluição e desmatamento de seu habitat natural, além da caça para traficá-los como animais domésticos,  fator que afeta mais de 38 milhões de animais por ano, ameaçando completamente a biodiversidade. 

Infelizmente, a arara-canindé é um dos psitacídeos mais capturado por traficantes na natureza aqui no país, devido a sua plumagem, a adaptação a outros ambientes e, por conseguir imitar palavras.

Seu estado de conservação a nível global, felizmente, é classificado como Menos Preocupante pela IUCN, porém suas populações seguem diminuindo por conta dos fatores mencionados anteriormente.

Por isso, é de extrema importância que a população continue se informando e que atividades de educação ambiental sejam desenvolvidas para que possamos melhorar a nossa relação com a fauna.

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Juliana Cuoco Badari